A nossa luta é a nossa herança
A nossa luta é a nossa herança

A nossa luta é a nossa herança

Por Indinayara Francielle Batista Gouveia

Publicado em 3 de Março de 2017 às 16:31

No momento em que fazem memória dos mártires da caminhada, Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas e Alto Jequitinhonha reafirmam a luta pela libertação de seus territórios e pela construção do bem viver

Entre os dias 10 e 12 de fevereiro, lideranças dos povos que compõem a Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais (geraizeiros, quilombolas, indígenas, vazanteiros, veredeiros, apanhadores de flores sempre-vivas e catingueiros) do Norte de Minas e Alto Jequitinhonha se reuniram na Terra Indígena Xakriabá para o II Mutirão de Povos e Comunidades Tradicionais. Durante os três dias, os povos debateram sobre o contexto de luta e os desafios diante da atual conjuntura política do país; discutiram sobre o atual contexto de incidência das mudanças climáticas e ações de mitigação, além de fazerem memória dos 30 anos do Massacre Xakriabá.

Em 12 de fevereiro de 1987, há exatos trinta anos, o vice cacique Rosalino Gomes de Oliveira e mais dois indígenas, Manuel Fiúza da Silva e José Pereira Santana, foram brutalmente assassinados dentro do território indígena, numa chacina comandada por grileiros de terras. O conflito fundiário marcou a luta pela ampliação dos limites da área demarcada pela Funai, que corresponde a um terço do território original Xakriabá.  Até hoje, os cerca de 10 mil indígenas distribuídos pelos 46.414 hectares da Terra Xakriabá relembram na morte destes mártires a coragem necessária para reaver seu território e afirmar seus direitos.

Para o Cacique Domingos Nunes, filho de Rosalino que presenciou o massacre,  é importante reviver esta história que não pode ser apagada, para que todo o Povo Xakriabá se fortaleça na sua luta. Jovens e crianças são as lideranças do futuro e precisam conhecer a história e continuar a defesa dos direitos do Povo Xakriabá.

Braulino Caetano, uma das antenas da Articulação Rosalino, conta que este foi o momento de vivenciar a luta do Povo Xakriabá e fortalecer a aliança em tempos de retrocessos. “ Foi um momento que vivemos o tempo do Povo Xakriabá, dialogamos sobre os nossos desafios de garantir água e alimento em tempos de mudança climática. Ficou muito forte também o nosso desafio de retomar nossos territórios nesse momento em que estamos tendo retrocessos nas leis. Ficou bem claro que estamos fortalecendo nossa organização para gritar numa só voz”.

A juventude foi destaque durante todos os dias, protagonizando momentos da cultura Xakriabá, representando os povos nos debates e encaminhamentos durante a reunião da Articulação. Eliad Alves, antena das Apanhadores de Flores Sempre-Vivas, ressalta a importância do intercâmbio, reflexão sobre o momento político e as mudanças climáticas e fortalecimento da luta comum. “Quando nós sete povos estamos juntos, encontramos um caminho conjunto para nossas lutas. Não lutamos só”. Também para Valdir Dias, jovem representante da RDS Nascentes Geraizeiras da região do Alto Rio Pardo,  o momento foi de intenso aprendizado. “Xakriabá sempre foi referência para nossa luta. Ouvir as historias deles, perceber a união, os desafios e as conquistas nos fortalecem. Vou levar aprendizado, conhecimentos, gente nova e cultura nova”. Como resultado do Mutirão de Povos, foi criada em conjunto pelos participantes a carta política “Os povos falam!”, com apontamentos e reivindicações. Clique aqui para ter acesso à carta (linkado).

Articulação Rosalino - Desde meados de 2010, Rosalino nomeia a Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas e Alto Vale do Jequitinhonha, numa estratégia de representação política que engloba indígenas, quilombolas, veredeiros, vazanteiros, caatingueiros, geraizeiros e apanhadores de flores sempre viva na luta comum pela tomada de territórios e defesa do modo de vida das populações tradicionais.

 

 

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