Assembleia Geral marca início das comemorações dos 30 Anos do CAA/NM
Assembleia Geral marca início das comemorações dos 30 Anos do CAA/NM

Assembleia Geral marca início das comemorações dos 30 Anos do CAA/NM

Por Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por Indinayara Francielle Batista Gouveia

Publicado em 10 de Julho de 2015 às 17:35

Por Fabiano C. César 

Nos dias 29 e 30 de Junho, na Área de Experimentação e Formação em Agroecologia – AEFA, aconteceu a 37º Assembleia Geral Ordinária do CAA/NM. Participaram cerca de 110 pessoas, entre associados/as, colaboradores/as e convidados/as. A atividade marcou o início do calendário comemorativo dos 30 anos do CAA/NM, que se encerrará em junho de 2016.

A Assembleia despertou muitas memórias sobre o trabalho realizado pelo CAA/NM ao longo dos seus 30 anos, principalmente no que diz respeito à luta de agricultores e agricultoras pela construção de um desenvolvimento sustentável, que respeite seus modos e formas de vida. Em um momento místico, foi realizada uma dinâmica de caminhada com três paradas distintas, em espaços pedagógicos da AEFA. Em cada uma delas foi motivada a reflexão sobre uma década de história do CAA/NM, procurando destacar elementos do contexto ambiental e sociopolítico, ações marcantes, pessoas e organizações envolvidas, bem como a metodologia de trabalho adotada pela organização no período. 

História

Na primeira parada, realizada na Casa de Sementes Regional, foi feita memória do período de 1989 a 1994. Os/as participantes destacaram aspectos relacionados com o contexto histórico. Um deles foi o estudo porteira adentro, já que na sua primeira década de existência o CAA/NM realizou pesquisas sobre os sistemas de produção camponesa da região, para melhor compreender a lógica produtiva dos agricultores e agricultoras, assim como de suas dinâmicas e interações. Esse resgate das práticas tradicionais permitiu a aproximação com o saber camponês. Braulino Caetano dos Santos, atual Diretor Geral do CAA/NM, lembrou ainda que, no âmbito da Econ92, se pautou o “Bioma Cerrado e suas gentes e que a partir daí o Cerrado ganha uma dimensão nacional”. O início de ensaios com sementes crioulas também marca o período, sendo a AEFA um dos espaços de experimentação desta iniciativa, promovida pela Rede de  Intercâmbio de Sementes.

A segunda década da história, de 1995 a 2004, foi muito lembrada a partir das lutas por território e água. Uma ação que norteou o trabalho do CAA/NM com povos e comunidades tradicionais foi o contra laudo elaborado para o Assentamento Tapera, demonstrando a viabilidade da terra e derrubando o laudo realizado pelo INCRA, que dizia ser inviável a criação de um assentamento, embora comunidades habitassem o território há séculos. O caso de Vereda Funda, a luta pelo Rio Riachão, a defesa dos territórios quilombolas ganharam destaque. Em 1999 a gestão da instituição era feita por agricultores/as e técnicos/as, construção em alguns momentos conflituosa, com tomada de decisões coletivas. Segundo Zé Pereira, geraizeiro da Tapera, “o CAA vem para orientar a gente e graças a Deus nós nunca passamos fome, mesmo que o Banco no primeiro momento não aprovou o projeto de reforma agrária feito pelo CAA, sem uso de agrotóxicos”. 

O terceiro momento, de 2005 até o presente, é marcado pelo fortalecimento da ação do CAA/NM na promoção da agroecologia, alicerçada nas territorialidades dos povos e comunidades tradicionais da região. São muitos os destaques e conquistas. A criação da Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais, metodologia de luta inovadora no Brasil, marca a força organizativa dos povos em defesa dos seus direitos. Os problemas atuais que o campo, em especial a região semiárida, enfrenta, exigem respostas criativas, massivas e inovadoras. A construção da Campanha “Paz na Família e na comunidade: pelo fim da violência contra as mulheres” apresenta grandes desafios para o coletivo de organizações que a animam. Por fim, foi mencionada a recente tentativa de chacina aos/às quilombolas de Arapuin. 

Em todo o caminho, foram lembrados companheiros e companheiras que contribuíram esta história e que hoje não estão mais entre nós. Agricultores e agricultoras, lideranças de povos e comunidades tradicionais, técnicos/as do CAA/NM e pesquisadores/as que compartilharam aprendizados, leituras sobre o Sertão e o Cerrado, e deram importantes contribuições para a construção deste legado, que ficará para as gerações do hoje e do futuro. 

No segundo dia, a programação focou na análise e reflexão sobre indicativos preliminares apontados pela avaliação externa que o CAA/NM está realizando, por ocasião do término do projeto trienal com a HEKS, organização parceira. Segundo Elisângela Aquino, atual Diretora Secretária, “a assembleia foi muito importante, pois refletimos sobre mais um ano, apontamos onde devemos melhorar no que está proposto”. Lembrou ainda que, “os sócios trouxeram dois temas muito fortes: água e território. Precisamos refletir como trabalhar a permanência da água após a retomada do território. Outro desafio colocado é como pensamos e agimos para uma construção de uma educação contextualizada, os associados cobram muito isso”. 

A programação comemorativa segue. Durante as Festas de Agosto haverá homenagens a parceiros que colaboraram na concretização do Solar dos Sertões. Em outubro, o CAA/NM realizará um seminário com as agências de cooperação internacional e parceiros para debater conjuntura e as suas contribuições no Brasil. Em novembro, outra atividade, realizada com a cooperação internacional e organizações de pesquisa, proporcionará reflexões sobre o futuro do CAA/NM. A expectativa é que as comemorações se encerrem com a publicação do Livro “Memorial dos 30 Anos do CAA/NM”.

Notícias

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