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Norte de Minas Gerais - Autonomia e dignidade, uma luta constante das aldeias Xakriabá Caraíbas e Vargem Grande no município de Itacarambi- MG.

Publicado em 27 de Janeiro de 2016 às 10:03

Norte de Minas Gerais - Autonomia e dignidade, uma luta constante das aldeias Xakriabá Caraíbas e Vargem Grande no município de Itacarambi- MG.

Desde setembro de 2013 o povo Xakriabá das aldeias, Caraíbas e Vargem Grande vem lutando para garantir os seus direitos.

A área está localizada a 37 Quilômetros do município de Itacarambi MG e foi retomada em setembro de 2013. A antiga fazenda São Judas Tadeu de 6.250 hectares hoje abriga 160 famílias indígenas Xakriabá, que continuam lutando para superar o preconceito, a discriminação e a negação dos seus direitos.  

A perseguição política no município tem trabalhado para tentar isolar a comunidade e dificultar o acesso às políticas públicas diferenciadas, um direito dos povos indígenas e um dever do Estado. A área retomada pelos indígenas Xakriabá teve o seu relatório publicado no diário oficial da união em outubro de 2015 e desde então o conflito tem se acirrado.

Segundo as lideranças “durante este período temos procurado dialogar com as autoridades competentes no intuito de amenizar os conflitos. Atualmente temos lutado para garantir que a equipe medica coordenada pela SESAI para o atendimento a nossa comunidade possa prestar os serviços de saúde ao nosso povo, mas temos nos esbarrado com a falta de compreensão e perseguição da atual gestão do município de Itacarambi  que tenta barrar a prestação destes serviços na Unidade Básica de Saúde construída na nossa comunidade, sob a alegação de negação da nossa identidade étnica e afirmação de que enquanto for prefeito lutará contra a nossa comunidade, tudo isso pelo fato de termos assumido a nossa identidade étnica.”

Nos últimos meses o atendimento de saúde prestado a comunidade via SESAI vinha ocorrendo em um espaço que não oferecia as mínimas condições para o atendimento e recuperação dos pacientes, não havia espaço para a realização de tratamento odontológico, psicológico dentre outros.

Devido a situação dos pacientes e a urgência da necessidade do povo, a comunidade decidiu por garantir os atendimentos na Unidade Básica de Saúde, mesmo contra a vontade e a imposição do atual prefeito, desde a segunda feira (25/01/2016). Esta decisão foi tomada pela comunidade indígena depois de várias tentativas de dialogo com a secretaria municipal de saúde e câmera de vereadores do município, onde os indígenas não obtiveram uma resposta positiva do município sobre a gestão compartilhada da Unidade Básica de Saúde.

Ainda segundo as lideranças “esta medida foi necessária sob risco de agravamento da saúde da nossa comunidade, temos muitos hipertensos, pessoas precisando de atendimento odontológico, grávidas precisando de fazer pré natal, pacientes com hanseníase, problemas psicológico dentre outros. Não podemos colocar o nosso povo em risco em função de interesses políticos que nada tem contribuído para a melhoria da nossa qualidade de vida. Estamos enfrentando dificuldades, mas vamos manter o atendimento do nosso povo na nossa unidade básica de saúde e as autoridades precisam se pronunciar se o que estamos fazendo é errado, pois esta unidade só foi construída para garantir melhorias na nossa vida e é pra isso que estamos lutando, vamos buscar apoio junto ao Ministério Público Federal. SESAI, FUNAI e nossos parceiros para que  possamos atender o nosso povo com dignidade, denunciamos esta triste realidade e esperamos que o nosso direito enquanto cidadão não seja desrespeitado e esperamos que o espaço que ocupamos cumpra a sua função social e que mais uma vez o nosso povo não precise pagar pela ganancia e interesses políticos que contribuem para a negação dos nossos direitos, temos clareza de que a partir desta nossa decisão a perseguição ao nosso povo vai aumentar, por isso pedimos apoio. Deixamos claro ainda, que a utilização da Unidade Básica de Saúde pela equipe medica da SESAI não prejudica e nem atrapalha nosso povo e muito menos impede que a secretaria de saúde do município de Itacarambi continue prestando seus serviços com tranquilidade e segurança, sendo respeitados por todo o nosso povo”.

Diante deste contexto, o conselho Indigenista Missionário -CIMI juntamente com os caciques e lideranças Xakriabá, vem denunciar esta situação e solicitar enquanto a intervenção dos órgãos competentes, no intuito de intervir em favor dos indígenas Xakriabá para que os seus direitos sejam garantidos e efetivados, de acordo com o estabelecido na constituição federal

Por: Conselho Indigenista Missionário 


Postado por: Fabiano Cordeiro César
Editado por: Fabiano Cordeiro César